quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Hipertensão pulmonar


Hipertensão pulmonar

As artérias pulmonares são os vasos que carregam o sangue do coração para os pulmões, de modo que ele possa receber o oxigênio. Na hipertensão pulmonar, os milhões de finos vasos sanguíneos que surgem após as sucessivas ramificações da artéria pulmonar principal são afetados.
Em pessoas com hipertensão pulmonar, a pressão da artéria pulmonar sobe acima dos níveis normais. Esta pressão excessiva causa sintomas e pode colocar a vida em risco.
A HP pode ocorrer por doença das grandes ou das pequenas artérias pulmonares, mas em quase todos os casos, as pequenas artérias pulmonares (chamadas arteríolas) são afetadas.
Na HP as arteríolas se tornam estreitadas por três mecanismos:
  • Vasoconstrição – Na parede das artérias e arteríolas existe uma camada circular de músculo, que aumenta e se contrai com maior facilidade.
  • Fibrose – Ocorre engrossamento da parede.
  • Trombose, com facilidade para formação de coágulos.
Todas estas alterações contribuem para o estreitamento dos vasos sanguíneos e como resultado o sangue encontra dificuldade para passar. O lado direito do coração (ventrículo direito) tem que trabalhar duro para vencer esta maior resistência. Com o tempo, o coração se dilata e falha aparecendo inchaço nas pernas, fadiga e desmaios com esforço, porque o coração não consegue aumentar a quantidade maior de sangue exigida no exercício.
A falta de ar acontece desde início da doença e vai se tornando cada vez maior com o progredir da doença.



         

Causas de HP

Existem muitas causas para a HP, conhecidas e desconhecidas. Cabe ao médico fazer uma cuidadosa investigação para estabelecer a causa, porque isto tem implicações diretas no tratamento.
As doenças pulmonares são as causas mais freqüentes de HP. Nas doenças pulmonares avançadas, a diminuição do oxigênio do sangue e a destruição dos pequenos vasos pulmonares resultam freqüentemente em HP. São causas freqüentes: bronquite crônica/enfisema (DPOC), fibrose pulmonar e a apnéia do sono. A HP pode surgir quando muitos vasos pulmonares se tornam obstruídos por coágulos de sangue antigos que não se dissolveram, decorrentes de embolia pulmonar.
O sangue que passa pelos pulmões, vai para o lado esquerdo do coração pelas veias pulmonares, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. Qualquer doença que afete o lado esquerdo do coração pode causar HP. Em certos casos, existem comunicações anormais entre os dois lados do coração, e parte do sangue que deveria ser bombeado para o resto do organismo é desviado para os pulmões, sobrecarregando os vasos, e causando HP.
Diversas doenças reumáticas também podem causar HP, especialmente o lupus e esclerodermia. Outras causas de HP incluem infecção por HIV, doenças crônicas do fígado e uso de remédios para emagrecimento (fenfluramina e dexafenfluramina). Há alguns anos um grande número de casos foi verificado de HP pelo uso destes remédios, o que levou à proibição do seu uso.
Finalmente, após extensa investigação uma causa pode não ser aparente. Alguns destes casos são familiares.

Sintomas da HP

Infelizmente o diagnóstico de HP é feito em geral muito tardiamente, porque a falta de ar, que é o sintoma mais precoce, acontece em diversas outras doenças do pulmão e do coração (ver falta de ar-dispnéia). Os sintomas de HP são:
  • Falta de ar, aos esforços
  • Fadiga ou cansaço
  • Tontura, especialmente ao subir escadas ou ao levantar-se
  • Inchaço nas pernas
  • Dor no centro do tórax, parecendo angina, especialmente durante atividade física
  • Desmaios

Diagnóstico de HP

Para fazer o diagnóstico e procurar a causa da HP, diversos exames são necessários. O diagnóstico pode ser sugerido pelo eletrocardiograma ou por um ecocardiograma (ultra-som do coração), onde o cardiologista estima a pressão da artéria pulmonar.
O diagnóstico será confirmado por um cateterismo do lado direito do coração. Neste exame a pressão da artéria pulmonar é medida diretamente e sua diminuição com medicamentos é testada.
Se estes exames mostram que uma pessoa tem HP, outros exames serão solicitados para identificar a causa.
  • No ecocardiograma, doenças do lado esquerdo do coração ou passagem anormal de sangue entre os dois lados do coração podem ser encontrados.
  • Testes de função pulmonar e medidas do oxigênio podem revelar doenças pulmonares, como DPOC.
  • Uma tomografia de tórax pode mostrar doenças do tecido pulmonar ou embolia pulmonar.
  • Cintilografia pulmonar é um exame feito para avaliar a possibilidade de embolia pulmonar crônica.
  • Estudo do sono (polissonografia) pode detectar apnéia do sono.
  • Testes laboratoriais para descartar esquistossomose (causa ainda comum no Brasil de HP), doenças reumáticas, HIV e outras condições.
Quando nenhuma causa é encontrada, a HP é chamada de idiopática.

Tratamento da HP

A HP não tem cura, mas existem diversos tratamentos, que serão usados dependendo de cada caso.
O tratamento deve levar em conta a causa da HP e o tipo de alterações que as doenças causam nos vasos pulmonares. O tratamento pode ser feito com diferentes tipos de medicação de maneira isolada ou combinada. Podem ser prescritos:
  • Anticoagulantes para prevenir a formação de coágulos de sangue nos pulmões.
  • Bloqueadores de canal de cálcio para reduzir a contração dos vasos pulmonares (ex. Adalat, Cardizem). Estes medicamentos só devem ser usados após demonstração pelo cateterismo cardíaco, de que há uma contração exagerada dos vasos pulmonares. Não .... se a HP foi demonstrada apenas por ecocardiograma – é inútil na maioria dos casos e pode ser fatal.
  • Digoxina que pode ajudar o coração a bombear o sangue de maneira mais eficiente.
  • Diuréticos para reduzir o acúmulo de líquido no organismo.
  • Oxigênio inalado para aumentar o nível de oxigênio no sangue, o que pode ajudar a dilatar os vasos pulmonares e reduzir o trabalho do coração.
  • CPAP – Aparelho que realiza pressão positiva 
  • Bosentan. A endotelina, uma substância química natural do corpo, aumenta na HP, e produz as alterações descritas antes nos vasos pulmonares. O bosentan bloqueia a ligação da endotelina com seus receptores, impedindo seu efeito, e melhorando a HP. É dado em comprimidos. É medicamento de alto custo, e deve ser indicado criteriosamente.
  • Prostaciclina e análogos – A prostaciclina também é uma substância produzida naturalmente pelo organismo. Na HP a prostaciclina está diminuída e seu uso melhora a HP. No Brasil existe uma forma dada por inalação (Iloprost), que deve ser usada 5 a 8 vezes por dia. É medicamento de alto custo, e deve ser indicado criteriosamente.
  • Sildenafil – Inibe uma enzima que degrada uma substancia do corpo chamada GMP, que ajuda a manter abertos os vasos pulmonares. O sildenafil é dado em forma de comprimido; 3 vezes ao dia, o que torna o tratamento de alto custo. Deve ser indicado criteriosamente.
Todos estes medicamentos de alto custo devem ter sua indicação referendada por centros especializados no tratamento de casos de HP.
Para pacientes que não respondem a nenhum destes tratamentos, um transplante pulmonar pode ser uma opção para pacientes selecionados.













segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Educação na Saúde e o Papel do Enfermeiro

 A educação para saúde é importante para o cuidado de enfermagem, uma vez que ela pode determinar como os indivíduos e as famílias são capazes de ter comportamentos que conduzam a um ótimo auto cuidado. 
Chamamos atenção para o fato de a educação em saúde não ser de competência exclusiva de uma única categoria profissional; ela deve contar com uma participação multiprofissional. "O papel educativo do profissional de saúde, como um dos componentes das ações básicas de saúde, é tarefa de toda a equipe em uma unidade de saúde". "O Educar envolve afeto, persistência, desejo, relações humanas e contato corpo a corpo. A doença leva o sujeito a procurar novas maneiras de lidar com a vida e leva os (as) enfermeiros (as) a procurar novas maneiras de cuidar. Pensar na vida e no desejo, quando só se pensa na doença e na morte" . Todo cuidado de enfermagem é dirigido à promoção, manutenção e restauração da saúde; prevenção de doenças; assistência às pessoas no sentido de se adaptarem aos efeitos residuais da doença. Espera-se que todo contato que a enfermeira tem com o usuário do serviço de saúde, estando à pessoa doente ou não, deveria ser considerado uma oportunidade de ensino de saúde. Apesar de a pessoa ter o direito de decidir se aprende ou não, a enfermeira tem a responsabilidade de apresentar a informação que irá motivar a pessoa quanto à necessidade de aprender. Os ambientes educacionais podem incluir domicílios, hospitais, centros de saúde comunitários, locais de trabalho, organizações de serviços, abrigos, ação do usuário ou grupos de apoio. Espera-se que a enfermeira funcione como "professora" para os outros membros da equipe, assim como para os pacientes. Talvez esteja inserido no "Ser-Enfermeiro" o interesse em ajudar os pacientes e suas famílias a aprender como manter e/ou restaurar a saúde e (re) adaptar-se às novas condições de seu estado.Em muitos casos, em muitas de suas funções, o profissional em enfermagem atua orientando o paciente, promovendo a saúde bem como a prevenção e a recuperação da mesma, por meio de palestras, programas dinâmicos e educando diretamente o paciente. Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar a possibilidade para a sua produção ou sua construção e quem ensina aprende ao ensinar e quem prende ensina a aprender. A educação em enfermagem deve oferecer caminhos que visem à construção do saber e que possibilitem a formação de pessoas críticas, criativas e preparadas para atuarem de forma efetiva nas diferentes comunidades, pautando-se na busca de soluções efetivas para os problemas de saúde da população. Além disso, deve oferecer subsídios para que o futuro profissional possa atuar na educação permanente da equipe de enfermagem.O profissional de Saúde precisa compreender a educação como um processo social, histórico e que se dá ao longo da vida, os processos educativos que permeiam as práticas sociais de saúde, institucionalizadas ou não, considerar as especificidades dos diferentes grupos sociais, dos distintos processos de vida, trabalho e adoecimento e colocar-se de forma ética e humanizada na relação educativa, buscando a troca de saberes e práticas; Assim também utilizar metodologias participativas que propiciem a autonomia e cidadania das pessoas, compreender a educação em saúde como parte integrante do processo de cuidar, e atuar no processo de qualificação dos trabalhadores da saúde em atividades de educação permanente, assim, entende-se que o processo educativo envolve respeito à individualidade dos sujeitos envolvidos e mútua colaboração. O enfermeiro, como educador para a saúde, atua no intuito de preparar o indivíduo para o auto-cuidado e não para a dependência, sendo, portanto, um facilitador nas tomadas de decisões.

O papel do enfermeiro em educação em saúde pode ajudar aos indivíduos a se adaptarem à doença, e a prevenir complicações, e atender à terapia prescrita e resolver problemas quando confrontados com novas situações. Essa é uma tarefa que depende, no caso da saúde, de profissionais com habilidades e competências para orientar as pessoas a: Promover a saúde; Evitar riscos a saúde; Prevenir doenças;A meta da educação em saúde é ensinar as pessoas a viverem a vida da maneira mais saudável ? ou seja, lutar para atingir seu potencial de saúde máximo, e avaliar a responsabilidade que cada um tem de manter e promover sua própria saúde se é obrigação dos membros de equipe de saúde, mais especificamente dos enfermeiros de tornar a educação nessa área consistente disponível.Além do direito do público e do seu desejo à educação em saúde, a educação do paciente também é uma estratégia para reduzir os custos da atenção à saúde prevenindo doenças, evitando tratamentos médico caro, diminuindo o tempo de hospitalização e facilitando uma alta mais cedo. Desafios de trazer o sujeito para a reaproximação da natureza e das coisas naturais, de orientar as pessoas para a tomada de decisões em suas vidas e conseguir, por meio da educação em saúde, a ter uma melhor qualidade de vida. A educação do paciente também é uma estratégia para evitar custos àqueles que acreditam que um relacionamento positivo equipe-cliente evita processo de erro no atendimento ao cliente. Educar demanda habilidade do educador, pois nem sempre quando se diz algo, tem-se a garantia de que ocorreu "o aprendizado". Para que isso aconteça é necessário haver uma resposta ao estímulo oferecido. Este processo educativo é individual que ocorre na pessoa, modificando-a e fazendo com que assimile as experiências que vai vivendo.A conscientização é definida Gastaldi XVIII Terra e Cultura o aprofundamento da tomada de consciência, pois, a simples tomada de consciência, sem a reflexão crítica, fica no nível do senso comum.Exemplificando: "todos" sabem que o cigarro faz mal à saúde, e nem por isso "todos" deixam de fumar. Está em falta, além da tomada de consciência de que o cigarro faz mal, a reflexão crítica sobre "o que realmente o cigarro faz com a minha saúde em particular."É neste sentido que o enfermeiro pode e deve atuar junto ao cliente, seja no hospital, na unidade básica de saúde, na formação de grupos de convivência, ou em qualquer tempo e lugar em que se faça necessário. Jamais poderemos conceber cuidado sem este aspecto educador Gastaldi.A aderência a um regime terapêutico requer que a pessoa faça uma ou mais mudanças no seu estilo de vida para realizar atividades específicas que promovam e mantenham a saúde. Os profissionais envolvidos na promoção à saúde do trabalhador devem ter requisitos, estratégias e cuidados para uma maior efetividade das ações adotadas não devem ser meros assistentes, mas necessitam ter uma visão ampla e abrangente a todos os segmentos que definem saúde.







domingo, 11 de março de 2012

Di María tratado pelo Enfermeiro do FC Porto

Di María (Real Madrid): LusaÁngel di María, jogador do Real Madrid, está a fazer tratamento à lesão que o vem apoquentando com o Enfermeiro Eduardo Braga, no Porto. O especialista integra a equipa médica do FC Porto. A notícia é avançado pelo jornal espanhol El País, que destaca que aquele profissional clínico é "um dos homens de confiança de José Mourinho e Jorge Mendes", empresário do treinador e do atleta.

A mesma publicação repara que "foi decisão de Mourinho e de Mendes, com o consentimento do presidente, Florentino Pérez, que [Di María] não fosse examinado pelos serviços médicos do Madrid e acudisse, em alternativa, a um recuperador físico de confiança". Deste modo, o ex-benfiquista "não recorreu nem uma só vez aos serviços médicos do clube" madrileno, assegura El País.

Di María desloca-se num avião privado até ao Porto para ser tratado por Eduardo Braga, "um especialista que trabalha com ervas e acupuntura e que em Portugal é conhecido como Mãos de Ouro", conforme sublinha El País. O Enfermeiro do FC Porto já terá lidado com problemas físicos de Deco, Anderson e Bosingwa, entre outros, depois de os três jogadores terem deixado o clube do Dragão.

Di María tem sido afetado por vários problemas musculares ao longo da temporada que não lhe têm permitido dar o seu contributo na equipa de Mourinho.






segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Terapias Complementares no Cuidado de Enfermagem/ Entrevista Revista Nursing

Nursing - No ponto de vista da senhora, qual é a definição mais correta para a expressão Terapia Complementar? 



Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - Terapia complementar em saúde (TCS) é um termo amplo que compreende um leque de práticas de cura, muitas delas milenares e atreladas a tradições culturais que são utilizadas junto com a medicina convencional. As terapias alternativas que possuem um método próprio de diagnóstico e tratamento das doenças, também podem ser utilizadas como práticas complementares aos métodos convencionais como, por exemplo, a medicina tradicional chinesa. Gosto da definição do National Institutes of Health's National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM) que as define comoaquelas que estão fora do domínio da medicina convencional e ainda não estão validadas pelo método científico. 

Nursing - Qual é a importância da terapia complementar para a vida profissional do enfermeiro? 

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - A utilização de TCS pelo enfermeiro é importante, pois o equilíbrio mente corpo é vital também para ele que lida constantemente com o processo saúde doença, vida-morte e sofrimento no atendimento aos pacientes. As TCS não têm apenas um papel na melhoria de problemas físicos ou no equilíbrio da mente corpo, mas também no desenvolvimento da auto-consciência, aumentando a percepção de cada um sobre si mesmo. Neste exercício, o indivíduo também passa a prestar mais atenção no outro, o que contribui no relacionamento terapêutico que se estabelece entre o enfermeiro e o paciente permitindo-lhe identificar melhor as necessidades em saúde do paciente.
O trabalho na equipe multidisciplinar muitas vezes é permeado por conflitos interpessoais, o que gera estresse, e o uso das TCS pode ajudá-lo a se manter em harmonia e, assim, favorecer a comunicação interpessoal. Além desses aspectos, o enfermeiro pode incluir as práticas complementares em sua prática ou se tornar um terapeuta especializado em alguma delas, com a vantagem de já ter recebido uma educação formal para a assistência. Ser um terapeuta de qualquer prática complementar em saúde é uma questão de afinidade com a técnica e com os princípios filosóficos de cada terapia. O fato de o COFEN reconhecer o enfermeiro como especialista, se ele freqüentou um curso formal com no mínimo 360 horas, é um avanço na profissão, pois permite ao enfermeiro exercer atividades como autônomo abrindo sua própria clínica de atendimento, além de poder atuar na assistência ao paciente internado ou em atendimento ambulatorial, aplicando as terapias quando julgar necessário, se o paciente estiver de acordo. 

Nursing - Como as terapias complementares podem auxiliar no trabalho do enfermeiro? 

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - Os enfermeiros cuidam do paciente e também diagnosticam suas necessidades de cuidado e, portanto, é imprescindível que tenham um conhecimento sobre as TCS, bem como da interação entre as TCS e os tratamentos alopáticos para garantir a segurança do paciente. Os enfermeiros precisam não só conhecer os motivos que levam as pessoas a utilizar as TCS, mas também saber como abordar este assunto com o paciente sem julgá-lo. Estudos apontam que a maioria dos pacientes não menciona o uso de TCS por acreditar que o profissional de saúde irá repreendê-lo, o que de certa forma tem um cunho de verdade, pois muitas das terapias energéticas são vistas com ceticismo por alguns profissionais. É importante o enfermeiro conhecer quais são as práticas complementares usuais em sua comunidade e o seu modo de ação para poder orientar o paciente que demonstre interesse em utilizá-las.
Existem estudos em pacientes cirúrgicos que mostram como a falta de avaliação sobre a utilização de TCS pode comprometer a segurança do paciente no período anestésico cirúrgico, principalmente com relação à utilização de determinados fitoterápicos que podem interferir no tempo de coagulação ou interagir com determinados medicamentos anestésicos.
De certa forma as TCS sempre estiveram presentes no cuidado de enfermagem, porque este sempre se pautou no cuidado integral ao paciente, considerando seus aspectos biopsiosociais e espirituais. Florence Nightingale em seus escritos já mencionava a importância da beleza, das cores, da luz e da natureza na cura dos pacientes. Os enfermeiros geralmente participam das decisões por ocasião de construção ou reformas nos serviços de saúde. Neste momento, se tiverem algum conhecimento de cromoterapia ou feng shui, podem dar alguma sugestão sobre cores dos ambientes ou disposição dos espaços. A presença de obras de arte ou de música no ambiente hospitalar podem diminuir o estresse, a ansiedade e melhorar o humor com efeito positivo sobre a equipe multiprofissional, pacientes e familiares. Da mesma maneira podem ser aspergidos óleos essenciais (aromaterapia) e Florais de Bach no ambiente.
Embora eu tenha a tendência a me referir às TCS como aquelas que envolvem princípios de campo de energia, não se pode omitir que a suplementação alimentar e as atividades físicas também são tidas como práticas complementares em saúde e são freqüentemente mencionadas pelo enfermeiro em suas atividades de educação em saúde e promoção à saúde. 

Nursing - Quais as técnicas mais utilizadas? 

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - Não saberia apontar quais técnicas complementares são as mais utilizadas pelos enfermeiros. O fato de algumas TCS serem oferecidas em cursos de especialização senso lato, como a terapia floral, fitoterapia e toque terapêutico talvez sejam as mais praticadas entre os enfermeiros, embora se encontrem enfermeiros acupunturistas ou que utilizem a música, óleos essências, iridologia, massagens, entre outras, na sua prática assistencial.
À medida, que forem divulgados resultados de investigação científica que evidenciem a efetividade das TCS, creio que diferentes técnicas serão buscadas pelos enfermeiros. 

Nursing - Existem provas científicas que apontam que as terapias complementares 
apresentam resultados positivos? 

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - Existem estudos que mostram resultados positivos com a utilização de TCS. Os resultados nas áreas de acupuntura e homeopatia já estão consolidados e estas já são tidas como especialidade médica.
Ainda são poucos os estudos com bons desenhos metodológicos e ensaios clínicos randomizados que tragam evidências científicas a respeito da efetividade das demais TCS no processo de cura. A maioria das pesquisas aponta para melhora na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes.
As TCS têm sido objeto de investigação de alguns mestrandos e doutorandos na enfermagem, o que tem ampliado o conhecimento sobre o tema, como por exemplo, no Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo já se desenvolveram estudos em musicoterapia, iridologia, toque terapêutico, florais de Bach.
Na área de obstetrícia existem estudos sobe a utilização de aromaterapia para diminuir a ansiedade da paciente no momento do parto, ou utilização da reflexologia no período que antecede ao parto. A musicoterapia mostrou resultados positivos na diminuição da dor em pacientes com dor crônica e diminuição da ansiedade do paciente durante a realização de procedimentos.
Um estudo feito no Japão com operadores de processamento de dados mostrou que a utilização de determinados óleos essenciais aspergidos no ambiente melhoraram a produtividade dos empregados e reduziu o stress. Alguns trabalhos em unidades pediátricas de oncologia sobre a utilização de arte (pinturas) ao longo dos corredores das unidades de internação trouxeram relatos de bem estar por parte dos familiares. Estudos indicam que a arte psicologicamente apropriada pode ter resultados positivos sobre a pressão arterial, ansiedade, ingestão de medicamentos para dor e tempo de permanência hospitalar. Cada vez que se acessa uma base de dados para fazer um levantamento bibliográfico nesse tema, encontram-se novos trabalhos, o que mostra o empenho dos pesquisadores em buscar evidências científicas sobre a utilização das TCS. 

Nursing - Por serem consideradas formas alternativas de cuidar, como as terapias 
complementares são vistas pelos profissionais da área de saúde? 

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - O uso das TCS é controverso entre os profissionais de saúde. A aceitação da prática de acupuntura e de homeopatia pelo Conselho Federal de Medicinal (CFM) tem proporcionado um avanço na utilização dessas TCS. À medida, que se observam efeitos positivos na utilização das TCS e promulgam-se leis que liberam a utilização de Terapias Naturais nos serviços de saúde, como a lei 13.717/2004/ SMSSP, abrem-se espaços para sua utilização nos serviços de saúde e desperta o interesse dos profissionais de saúde em aprendê-las e praticá-las.
A Portaria 971/2006/MS que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde, apenas incluiu no documento a acupuntura, a homeopatia, a fitotrerapia o termalismo social. Observam-se assim, avanços e retrocessos na regularização das TCS no sistema de saúde do país e na aceitação das muitas TCS pelos profissionais de saúde.
Pela lei 13.717/2004/SMSSP só podem exercer as Terapias Naturais os profissionais inscritos em seus respectivos órgãos de classe, o que dá ao enfermeiro certa vantagem, pois o COFEN reconhece-o como especialista, se possuir a formação necessária.
O National Institute of Medicine através do National Center for Complementary and Alternative Medicine está financiando o projeto "Complementary and Alternative Medicine
(CAM) Education Project Grant," que tem por objetivo oferecer um suporte para a incorporação das TCS nos currículos das escolas de formação de profissionais da saúde em nível de graduação, pós-graduação e educação continuada. As escolas médicas e de enfermagem, membros do projeto, estão desenvolvendo parcerias com instituições que
ensinam TCS para desenvolver cursos a serem inseridos nos currículos das escolas. Não tardará para que também no Brasil as escolas da área da saúde incorporem em seus currículos conhecimentos sobre as TCS. 

Nursing - Como a grande maioria de pacientes lida com a inserção das terapias 
complementares no tratamento? 

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - Pelo fato do atendimento em TC requerer uma avaliação mais demorada do paciente por incluir aspectos emocionais e espirituais, além dos físicos, os pacientes tendem a aceitá-los bem. Antes da oferta de TCS pelos serviços de saúde, era habitual observarmos entre pacientes oncológicos o uso de fitoterápicos, cromoterapia, oração e outras práticas energéticas.
Os serviços de saúde estão abrindo espaço para o atendimento em TCS a saúde, principalmente de acupuntura e homeopatia, por serem técnicas reconhecidas pelo CFM e por integrarem a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde. A mídia já divulgou atendimentos de acupuntura no Hospital São Paulo, Hospital das Clínicas, Hospital do Servidor Municipal, entre outros. O Hospital do Servidor Público Municipal incluiu a meditação em terapias pré e pós-cirúrgicas e no tratamento de hipertensos e de pacientes com quadros de dor crônica.
Embora os pacientes com problemas crônicos como dores músculo-esqueléticas ou câncer freqüentemente recebam prescrições ou orientações para utilização TCS, creio que ainda é grande a iniciativa do cliente na sua utilização. 

Nursing - Qual é a opinião da senhora em relação as terapias complementares? 

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini - Há um movimento para a salutogênese e as TCS são de extrema importância para que o indivíduo compreenda a origem de seus desconfortos físicos, emocionais e espirituais. É conhecendo o que nos incomoda que podemos iniciar um processo de transformação. A utilização das TCS favorece os indivíduos com doenças crônicas a controlarem sua doença e a alterarem seus hábitos de vida, incorporando atitudes e comportamentos saudáveis.
Nem todo o enfermeiro tem habilidades ou afinidades para atuar como terapeuta complementar em saúde, mas tem o dever de conhecer as TCS para melhorar a comunicação com o paciente e saber orientá-lo. Os estudos divulgados nas bases de dados científicos e nossas experiências pessoais e profissionais na utilização das TCS apontam que a utilizam dessas práticas é viável e de extrema importância na promoção à saúde. Atualmente, tenho uma aluna de mestrado que irá realizar um estudo de intervenção em idosos para verificar sua efetividade na melhora da auto-estima. A grande dificuldade na investigação com o uso das essências florais é como comprovar seu mecanismo de ação na racionalidade ocidental e como medir objetivamente seu efeito, além do fato de não estar entre as práticas integrativas e complementares aprovadas pela portaria 971/2006/MS. Com persistência, e acreditando no valor da TCS na promoção à saúde e no desenvolvimento de nossa auto-consciência, um dia todas as TCS serão amplamente usadas com sua merecida compreensão científica.

Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini

Enfermeira. Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Radiação & Tratamento Infravermelho


A radiação infravermelha é um agente térmico superficial usado para alívio da dor e rigidez, para aumentar a mobilidade articular e favorecer a regeneração de lesões de tecidos moles e problemas da pele.
As fontes IV podem ser artificiais ou naturais (por exemplo, o sol). No IV artificial os geradores podem ser divididos em duas categorias: luminoso e não luminoso. Estes últimos consistem de uma bobina espiral de fio de metal resistente enrolada em volta de um pedaço de material não condutor em formato de cone. Resultando na emissão de radiação de várias freqüências diferentes, produzindo radiações com pico a um comprimento de onda em torno de 4μm. Os geradores luminosos (ou aquecedores por radiação) consistem em um filamento de tugstênio dentro de um bulbo de vidro que contém um gás inerte a baixa pressão; eles emitem tanto radiação IV quanto visíveis com um pico de comprimento de onda em torno de 1μm.
As radiações IV podem ser refletidas, absorvidas, transmitidas e sofrer refração e difração pela matéria, sendo a reflexão e a absorção os processos de maior significância biológica e clínica. Esses efeitos modulam a penetração da energia dentro dos tecidos e desse modo, as alterações biológicas que ocorrem. Os comprimentos de ondas curtos se difundem mais do que os comprimentos de ondas longos, mas que as diferenças são minimizadas à medida que a espessura da pele aumenta. A penetração, portanto, depende tanto das propriedades de absorção dos constituintes da pele quanto do grau de difusão ocasionada pela microestrutura da pele.
Apesar de o nível de aquecimento produzido no tecido poder ser calculado matematicamente ou poder ser registrado por sensores de calor, é prática clínica normal estimar o nível de aquecimento desenvolvido nos tecidos da superfície através do relato sensitivo do paciente. A quantidade de energia recebida pelo paciente será governada por:
* potência da lâmpada (em watts);
* a distância entre a lâmpada e o paciente;
* a duração do tratamento.
O tratamento infravermelho é, normalmente, continuado por um período entre 10 e 20 min., dependendo do tamanho e vascularidade da parte do corpo, da cronicidade da lesão e da natureza da lesão. Os comprimentos de onda principais usados na prática clínica são entre 0,7μm e 1,5 μm.


                                   


APLICAÇÃO CLÍNICA:


   O procedimento a seguir deve ser usado quando se aplica terapia IV a um paciente.
* Seleção de equipamento. Lâmpada luminosa ou não luminosa. Não luminosa aproximadamente 15 minutos, luminosa apenas alguns minutos.
* A pessoa. É usada uma posição confortável. A pele deve estar descoberta, limpa e seca, sendo removidas todas as pomadas e cremes.
* Precauções de segurança. A natureza, os efeitos e riscos do tratamento devem ser explicados, as contra indicações verificadas. Os olhos devem ser cobertos se houver possibilidade de serem irradiados.
* Posicionamento da lâmpada. A lâmpada é posicionada para permitir que a radiação iniciada na pele em ângulo reto de modo a facilitar a absorção máxima de energia. A distância ente a lâmpada e parte do corpo variará de acordo com a potência da lâmpada, mas é geralmente entre 50 e 75cm.
* Dosagem. Essa é determinada pela resposta da pessoa.
* Acompanhamento. Após o fim do tratamento, a temperatura da pele deve parecer levemente ou moderadamente quente ao toque. Devem ser mantidos registros de cada seção de tratamento e das mudanças induzidas pela radiação.


TRATAMENTO:
  • O paciente deve estar posicionado a 50cm da fonte;
  • Uma cobertura com toalha protetora deve ser colocada no lugar;
  • A duração do tratamento deve ser de 15 a 20 minutos;
  • A pele deve ser verifica a cada poucos minutos devido à coloração;
  • As áreas que não serão tratadas devem ser protegidas.

PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA:


A segurança elétrica do equipamento deve ser verificada regularmente. A potência da lâmpada deve ser verificada e a estabilidade mecânica, alinhamento e segurança de todas as partes da lâmpada deve ser examinada.


CONTRA INCICAÇÕES:
  • Áreas com sensibilidade térmica cutânea ruim ou deficiente;
  • Pessoas com doença cardiovascular avançada;
  • Área com a circulação periférica local comprometida;
  • Tecido cicatricial ou tecido desvitalizado por radioterapia profunda ou outra radiações ionizantes (que pode estar mais sujeito a queimaduras);
  • Tecido maligno na pele;
  • Pessoa com redução no nível de consciência ou da capacidade de compreensão dos riscos do tratamento;
  • Pessoas com enfermidade febril aguda;
  • Algumas doenças agudas de pele como dermatite ou eczema;
  • Os testículos.

EFEITOS FÍSICOS E FISIOLÓGICOS:

Aumento da energia cinética das moléculas, elevação da temperatura local superficial, aumento do fluxo sanguíneo para a área aquecida, aumento do metabolismo celular e resíduos metabólicos, aumento no número de leucócitos e fagócitos, aumento da permeabilidade capilar, aumento da drenagem linfática e venosa, hiperemia, vasodilatação das arteríolas e vasos capilares, aumento da atividade reflexa do axônio, diminuição da viscosidade tecidual, diminuição do tônus muscular e espasmo muscular, diminuição da excitabilidade dos fusos musculares.

EFEITOS TERAPÊUTICOS:

Proporciona o alívio da dor pois, provoca o aumento do metabolismo, variação do limiar da dor nas fases subaguda e crônica e redução do espasmo muscular. O relaxamento muscular também é outro efeito devido ao aumento da extensibilidade do colágeno e a diminuição da excitabilidade dos fusos musculares. Aceleração do processo de reparo tecidual, aumento de metabolismo, fluxo sanguíneo, atividade enzimática e processos químicos juntamente com a vasodilatação favorecem a cicatrização e mitose celular. Devido a elevação de temperatura ocorre também o aumento da elasticidade do tecido conjuntivo (extensibilidade do colágeno).

                                                 

Moxabustão


A moxabustão é uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa. Baseia-se nos mesmos princípios e conhecimentos dos meridianos de energia utilizados na acupuntura, sendo amplamente utilizada em outros sistemas de Medicina Oriental tradicionais como: Japão, Coreia, Vietname, Tibete e Mongólia. Esta prática, pela documentação antiga existente, parece ser anterior á acupuntura.
Originou-se no norte da china, moxabustão – Jiú (pinyin) significa literalmente, “longo tempo de aplicação do fogo”, sendo considerada uma espécie de acupuntura térmica, feita pela combustão da erva Artemísia sinensis e Artemísia vulgaris. A cauterização, da qual deriva a moxa, foi um desenvolvimento que se seguiu ao uso do fogo. Considerou-se que o aquecimento e a sensação de bem-estar que o fogo propiciava á vida nas cavernas frias e húmidas, assim como as curas furtivas que ocasionalmente aconteciam do toque de um carvão acesso ou pedaço de lenha em brasa, foram os primórdios da cauterização.
A cauterização como método de curar doenças usava originalmente ramos e outros materiais combustíveis comuns. O uso de plantas como principal substância de combustão, data do último período Chou. O livro de Mencios (290 a.C.) refere-se a esta planta (artemísia) “para uma doença de sete anos, procure moxa (artemísia) de três anos de idade)”. Isto sugere que o seu uso já era difundido naquele tempo. Antigamente, praticava-se geralmente o método de cauterização directa, aplicando-se o material combustível directamente sobre a pele. As instruções são encontradas no tratado Tradicional de Zuo (581 a.C.) “acima ou abaixo dos vitais, a cauterização directa não pode ser usada”. Num outro livro “O livro dos segredos de Bian Que”, é mencionado fazer-se moxa para as pessoas dormirem. O clássico de Medicina da Dinastia Han Oriental “Discussão das doenças causadas pelo frio”, também refere as doenças para o qual a cauterização directa é permitida ou proibida.


Naquele tempo, o tamanho da mecha ou cone de moxa era grande e para cada tratamento um grande número de moxa era usado. Mais tarde, nas Dinastias Tang e Song, eram prescritos mais de 100 cones de moxa. Durante as Dinastias Jin e Tang, foi desenvolvido um método de cauterização indirecta, no clássico “Receitas dos mil ducados” vários métodos são discutidos, incluindo colocar a moxa sob um folhado de outros materiais, tais como alho, feijão-soja, cera de abelha, sal ou gengibre, e então queimá-la, no mesmo livro, é descrito um método para tratar doenças auriculares através do qual um tubo de bambu vazio é colocado no orelha e a moxa queimada na outra ponta. Este método era denominado de cauterização com tubo ou cilindro e foi o percursor da técnica moderna do “cilindro aquecido”.


Outro método, inventado na Dinastia Ming (1368-1332 d.C.) era utilizar um ramo de árvore de pêssego ou de amora, que era mergulhado em óleo de gergelim para ser acesso e apagado, então o bastão aquecido era embrulhado com papel macio e era passado como um ferro sobre determinada área da pele. Num desenvolvimento posterior, o pó de moxa seca triturada e outras ervas eram enroladas juntas em bastão com forma de charuto, para ser seguro em uma ponta e ser queimada na outra extremidade a uma pequena distância da pele. Este método ainda é bastante praticado actualmente. Na Dinastia Song (960-1279 d.C.) existem referências em livros médicos sobre cauterização natural ou espontânea, por meio do uso de ervas conhecidas pelas suas propriedades irritantes (ex: Rhus toxicodendron, emplastro de mostarda etc.), que eram friccionadas sobre a pele, produzindo lesão tipo bolha.
O efeito da moxa é semelhante á acupuntura, que age estimulando os pontos da acupuntura para fortalecer a circulação do Qi (energia) e do sangue, sendo que a moxa estimula com o calor. Ling Shu enfatizou que “quando o sangue nos vasos torna-se estagnante ou fica bloqueado, deve ser tratado somente pelo fogo”. Esta e outras passagens descritos nos livros antigos, ilustram bem as funções da moxa.
Num texto antigo da Dinastia Tang “receitas dos mil ducados” afirma “a pessoa que aplica diariamente ao ponto Zusanli (E-36) estará livre de uma centena de doenças”, e assim o faziam as pessoas nessas épocas principalmente se tinham de viajar para outras localidades, para assim se protegerem das “energia perversas” dessas localidades a que não estavam acostumadas.
O calor da moxabustão é extremamente penetrante, tornando-se eficaz quando há menos circulação, condições frias e húmidas, além da deficiência do Yang. Quando aplicada aos pontos de acupuntura específicos com deficiências do Yang, o corpo absorve o calor recuperando mais rapidamente o Qi (energia) do Yang do corpo e o “fogo ministrial” fonte de todo o calor e energia do corpo. As folhas frescas da planta Artemísia são colhidas na primavera e expostas ao sol para secarem, em seguida são trituradas, examinadas e filtradas para remoção de areia ou talos mais grosseiros, posteriormente, posto de novo ao sol, repetindo-se este processo até se obter a consistência desejada que é um pó fino, macio e claro.



A moxa a usar diretamente sobre a pele (método direto) deve ser extremamente fina, para que possa ser amassada e moldada com as mãos em minúsculos cones, firmes e que não se devem desfazer, para o uso indirecto (não encostar na pele) não é necessário ser tão fina, esta é enrolada fortemente em papel especial de cerca de 15 cm de comprimento, pode ser adicionado pó de outras plantas, formando-se então os bastões ou “charutos” que servirão uma vez acessos numa extremidade para aquecer os pontos ou áreas do corpo.
Uma técnica muito utilizada na china atual é a moxa acesa, que serve para aquecer áreas maiores do corpo e por tempo mais prolongado, a moxa é colocada num instrumento próprio tubelar ou outros formatos com fundo de rede, ficando a secção de combustão da moxa afastada da pele o calor é diretamente transmitido a esta. A moxabustão como em todas as terapias que se utilizam instrumentos, dever-se-á ter alguns cuidados e precauções que qualquer profissional conhece perfeitamente, algumas dessas precauções são: não aplicar moxa em síndromes de calor com deficiência do Yin (ex: menopausa ou febre alta); não produzir cicatrizes com moxa; não usar moxa na região lombosacra em mulheres grávidas, e seguir sempre os princípios básicos de diagnóstico da MTC.

Ventosaterapia

A utilização das ventosas no tratamento de doenças não é uma exclusividade da Medicina Chinesa, existem informações do seu uso desde o antigo Egito, ela também é mencionada nos escrito de Hipócrates e praticada pelo povo Grego no século IV a.c., possivelmente conhecida e utilizada por outras nações antigas.
O antigo instrumento utilizado para fazer ventosas era a cabaça, conhecida naquela época como “curubitula” que em latim significa ventosa. Nas regiões primitivas do mundo, a ventosa tem registos históricos que datam de centenas a milhares de anos. Nas suas formas mais primitivas, era utilizada pelos índios americanos que cortavam a parte superior do chifre dos búfalos, com cerca de 10 cm de comprimento, provocando o vácuo por sucção oral na ponta do chifre, sendo de seguida tamponado. O uso de ventosas no Ocidente antigo era um elemento terapêutico corriqueiro e de grande valor panaceico. Pois por falta de outros recursos médicos, a ventosaterapia era utilizada praticamente na cura de todas as doenças. Abordado por essas épocas como um instrumento curativo mágico, pelo contacto intimo com o interior do corpo através do sangue. Ela era respeitada também pela sua actuação no elemento energético gerado pela respiração. Teoria que se aproximava dos conceitos de Medicina Oriental.




Também descreveram aplicações de ventosas no primeiro século d.c., advertindo que a aplicação de ventosas é benéfica tanto para doenças crónicas como para as agudas, incluindo ataques de febre, e mencionou outras advertências na utilização das ventosas.
Na Europa, assim como na Ásia existiam vários métodos modificados de sangria e escarificação, na Europa a “veneseção” ou sangria das veias era uma prática popular, enquanto na Ásia o sangramento das dilatações capilares (telangiectasias) na periferia da pele junto com ventosas era o método mais utilizado.
O uso das sanguessugas como terapêutica foi comum na idade média no ocidente. Em Portugal os “barbeiro-sangradores” eram geralmente, os técnicos encarregados de aplicar sanguessugas, por concessão de uma licença cedida pelo cirurgião-mor. Naquela época, em Lisboa, foram publicados vários livros sobre o assunto, e os salões de barbear eram o local de venda das sanguessugas.
O uso de ventosas no Oriente foi desenvolvido com base na acupunctura, a aplicação de ventosas foi originalmente, conhecida como Método Chifre. Os chifres dos animais eram aquecidos, criando-se um vácuo quando eram colocados sobre a pele. O propósito era tratar doenças e retirar o pus. No fim do período Neolítico, o desenvolvimento da agropecuária facilitou o desenvolvimento do Método Chifre (ventosa).
O que distingue estas habilidades primitivas dos chineses, das outras áreas do mundo, é a extensão do seu subsequente desenvolvimento, dentro da estrutura da tradicional fisiologia e patologia. O Método Chifre foi posteriormente substituído por outros métodos de sucção posteriormente desenvolvidos, em que se obtinha o efeito de ventosa utilizando-se cúpulas de bambu, metal e posteriormente vidro. A sucção é obtida actualmente, colocando-se uma substância cadente na ventosa antes de coloca-la sobre a pele, aquecendo-a com água quente, ou com o bombeamento do ar para fora desta uma vez posicionada na pele.
A ventosa segundo a MTC tem a propriedade de limpar o sangue das toxinas acumuladas no organismo produzida pelos alimentos e outras fontes poluentes. A estagnação do sangue estagnado, escuro e sujo, nos músculos das costas ou das articulações é considerado pelas Medicinas Orientais como um dos elementos causadores de doenças. A ventosa é usada para o alívio de dores musculares, melhorar o sistema circulatório e até mesmo, para redução de celulite e gordura localizada, lombalgias, dor abdominal, hipertensão arterial e muitas outras patologias.
As ventosas podem ser utilizadas em associação com outras terapias reforçando a efectividade destas. Várias ventosas podem ser utilizadas para tratar desordens sobre uma área mais ampla, por exemplo, ao longo de um estiramento muscular ou dispostas em fileiras horizontais e verticais sobre um órgão doente tendo-se o cuidado de não se deixar as ventosas muito próximas umas das outras.
Pode-se utilizar a ventosa para produzir o “efeito massagem” que consiste em mover as ventosas sobre superfícies grandes e lisas do corpo, tais como as costas e as coxas, nestes casos são utilizadas ventosas de boca média a grande, e em primeiro lugar deve-se lubrificar a zona do corpo que vai massagear. Esta massagem tem o efeito de remover a pele ressacada pela abertura dos poros e pela transpiração. Mecanicamente, aumenta o fluxo da linfa, reduzindo o edema, mantém a flexibilidade dos músculos, retira as adesões e as fibroses e mobiliza o funcionamento dos órgãos, descongestiona os bloqueios de energia, ativa a circulação e o funcionamento geral do corpo.
A aplicação de ventosas é contra-indicada para casos de febre-alta, convulsões ou cólicas, alergias na pele ou inflamações ulceradas, áreas onde o músculo é fino ou a pele não é plana por causa dos ângulos e depressões ósseas, no abdômen e região lombar em gestantes. Algumas outras considerações a ter no uso das ventosas é que estas devem ser deixadas no local somente até haver congestão local (geralmente 5 a 15 minutos). Se forem mantidas por muito tempo pode-se formar uma bolha, se esta for grande deve ser furada para drenar o líquido, e seguidamente deve ser coberta para evitar infecção.
A aplicação das ventosas deixa frequentemente uma marca púrpura na pele aonde esta foi sugada, isto é normal e vai desaparecer sem tratamento especial. Se a marca for muito profunda, as ventosas não devem ser colocadas de novo nesse local enquanto subsistir a marca.



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Diferenças entre os Profissionais e Regulamentação do exercício da Enfermagem

São Enfermeiros:

I - o titular do diploma de Enfermeiro (Bacharel/Graduação) conferido por instituição de ensino (Superior), nos termos da lei;


II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferido nos termos da lei;

III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;

IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea d do art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.

O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:

I - privativamente:

a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem

b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços

c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem


d) consultaria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem

e) consulta de enfermagem

f) prescrição da assistência de enfermagem

g) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de morte

h) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas

II - como integrante da equipe de saúde:

a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde


b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde


c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde


d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação


e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral


f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de enfermagem


g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera


h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto



i) execução do parto sem distocia


j) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária.

l) educação visando à melhoria de saúde da população.


m) participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente nos programas de educação continuada

n) participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho

o) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra-referência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde

p) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde

q) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de enfermagem, nos concursos para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal técnico e Auxiliar de Enfermagem.



São Técnicos de Enfermagem:

I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo órgão competente;

II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico de Enfermagem.



O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente assistir ao Enfermeiro:

a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de enfermagem


b) na prestação de cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave


c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológica


d) na prevenção e no controle sistemático da infecção hospitalar


e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a assistência de saúde




São Auxiliares de Enfermagem:

I - o titular de certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos termos da lei e registrado no órgão competente;

II - o titular de diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;

III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;

IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;

V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;

VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.

O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente: 
a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas

b) executar ações de tratamento simples


c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente


d) participar da equipe de saúde.



Brasília, 25 de junho de 1986; 165º da Independência e 98º da República.

JOSÉ SARNEY